segunda-feira, 4 de outubro de 2010

carlton red x marlboro light: uma recaída

Vou contar uma história. Ela é rica em detalhes e talvez rendesse um livro inteirinho pra ela, mas tentarei ser bem breve e objetiva, retratando alguns dos fatos mais importantes.

(Essa é uma das vantagens de escrever. Muitas pessoas sugeriram que eu fizesse um videolog em troca do blog, mas eu falo de mais. Não daria certo, eu perco o foco. Escrevendo eu posso ler, reler e você só vai ler mesmo o que eu quiser colocar aqui. E ainda assim a qualquer momento eu posso mudar o que está escrito. E levo apenas 5 segundos, mais rápido que qualquer edição de vídeo.)

29 de dezembro de um ano qualquer. Seria apenas mais um final de ano.
Com o fogo que me é peculiar (signo, ascendente e lua em signos de fogo), saí pra rua com uma amiga. Passando pela porta de um bar no bairro mais boêmio do Rio de Janeiro, cruzamos com um grupo de meninos. Ao passarmos, um deles gritou o nome da minha amiga. Seguimos em frente, como conversávamos alto, imaginei que eles tivessem me ouvido chamá-la e repetiram seu nome. Mas eles vieram atrás e quando paramos no sinal para atravessar a rua, eles pararam de novo. Minha amiga reconheceu um deles como sendo um antigo colega do curso de espanhol.  Eram 5 e apenas o conhecido dela era do Rio. Nem precisei olhar muito. Tinha meu escolhido e ao comentar, ela não se surpreendeu – “A sua cara, amiga”!
Papo vai e papo vem, ela que não perdia tempo, já estava com o mais alto deles. 
Enquanto isso, como a única mulher restante dentre os 4 turistas aflitos para ficar com qualquer carioca, estava eu. Conversei com todos e falei sobre os mesmos assuntos com todos eles, mas quem eu queria mesmo não vinha... até que veio! Já chegou pedindo que eu mudasse de assunto, não queria que eu me repetisse mais. Ok, você quem manda!
-Seus olhos são azuis? - ele disse
-Não, são verdes. - respondi
-Não, são azuis! - ele insistiu
-Não são!!
Na mesma hora olhei para o poste no fim da rua com uma luz forte e fluorescente para que minhas pupilas se retraíssem e eu pudesse então provar que meus olhos são verdes e não azuis. Nesse instante, sem pedir permissão ou dar autorização, ele me deu um beijo. Um beijo que não foi só um beijo. Um beijo que abriu um livro em branco, infinito, que mal sabíamos que seria tão intenso, longo e diferente de tudo que eu já pensei que fosse viver na minha vida.

Aí nasceu uma história que em muitas vezes pareceu drama de novela mexicana, em outras um romance de sucesso do Chico Buarque ou, ainda, poderia ser manchete nas páginas policiais.

Tá bom, mas onde está o cigarro nessa história toda?

Pois bem. Dentre muitas idas e vindas, juras eternas de amor, maços de carlton red e marlboro light, mudanças de cidade, namoro à distância, envolvimento famíliar, muitos anos se passaram.
Como eu disse, essa história é muito rica em detalhes e reviravoltas cada vez mais impressionantes, não dá pra eu simplesmente colocar tudo aqui. De repente ao longo da caminhada eu vá me lembrando de situações específicas e assim, expondo outras histórias.

Passou. Da última vez que foi não voltou mais. Dois anos sem muitos movimentos na história. Não sem se falar, mas sem se ver pessoalmente. Até que aconteceu uma oportunidade e eu agarrei, fui, encontrei. Mas a angústia de não saber se meu plano daria certo e a recaída de um encontro engasgado há tanto tempo, me fez usar a muleta psicológica. 
Comprei um maço de carlton vermelho! Fiquei alguns segundos em frente ao posto de gasolina sem saber se eu entrava ou não e acabei entrando. Me permiti. Como me fez bem o trago daquele cigarro naquela hora, naquele lugar. Os seguintes não foram os melhores e eu percebi uma coisa importante. Eu me obriguei a fumar. Já tinha sentido essa sensação antes de parar de fumar, mas dessa vez foi mais nítido. Minha cabeça pedia um cigarro, mas meu corpo quase implorava que não. Porém, numa atitude quase que de desrespeito, eu levava o cilindrinho de papel à boca e passava fogo. 
Foi bom. Principalmente porque foi uma noite muito cheia de fortes emoções. Nunca é fácil reencontrar o grande amor. Ao mesmo tempo em que é bom perceber que certas coisas não mudam, independente do tempo que passe. Se apaixonar é muito bom e é ainda melhor quando se é correspondido. 
Acho que tive a sorte de ser correspondida na maioria dos meus amores e paixões. Até porque não consigo alimentar um amor platônico. Não tenho essa vocação.

Não fumei no dia seguinte, mas no outro fumei um único cigarro enquanto contava minha aventura. Me permiti de novo, e daí? Ainda é o mesmo fim de semana, é justo. 
Mas quer saber um segredo? Não consigo mais me ver dependente de ter um maço de cigarros na bolsa pra qualquer eventualidade. Menos mal.