segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Enquanto esperava o ônibus na rodoviária e em outros momentos de espera, troquei o cigarro por um bloquinho e uma caneta. Eis alguns rabiscos.

(16/09 - 14:10h)

Tudo estranho sinto como se eu pudesse explodir a qualquer momento. Sei lá, uma fusão de diversos sentimentos. Me sinto feliz pelo progresso, feliz pelos 7 dias com apenas 1 multa. Ontem fiquei horas pensando, tenho tanta coisa pra dizer. As palavras se confundem muito na minha cabeça. As vezes morro de medo de estar surtando sem perceber. As pessoas do meu cotidiano não têm percebido nenhuma mudança, dizem que estou exatamente a mesma coisa de antes e a única diferença é que não estou carregando um cigarro na mão de hora em hora. Só que essa pequena e única diferença é a responsável por toda uma transformação interna, uma guinada que de repente por enquanto ainda não seja possível se perceber a olho nu, externamente.

Me sinto desequilibrada. Eu sei, parece que estou sendo contraditória as vezes, só que é assim: eu percebo que alguma coisa muito importante, diferente e boa está acontecendo dentro de mim. Eu sei que é bom, sinto que é melhor. Só que ao mesmo tempo passar por essa transformação é bem doloroso.

Ontem fui no Centro espírita Lar de Frei Luiz. É lindo, uma paz incrível, me fez um bem e tanto. Sou espírita, quer dizer, nasci católica fui batizada na igreja e consagrada à Nossa Senhora da Conceição. Quando eu era mais nova minha mãe carregava nós 3 para a missa todo santo domingo e em alguns tínhamos até roupa nova. Eu achava um saco! Minhas irmãs também não curtiam muito não. Alguns dias eram até legais, mas só em dias de festa quando tinha o defumador. Adoro o cheiro das cinzas. Volta e meia eu tentava arrumar alguma desculpa pra não ir, mas raramente colava. Até que crescemos um pouco mais e minha mãe desistiu da obrigação.
Depois de bem mais velha resolvi ir à um Centro Espírita pela 1ª vez. Não lembro como essa onda começou aqui em casa, mas sei que ficou. Minha mãe se converteu, se voluntariou e hoje é estudante do evangelho. Eu não cheguei a ser batizada no Centro, mas me tornei espírita por convicção.
Foi bom, rezei e foquei minhas energias no controle da ansiedade. Saudades do cigarro.

Estou na rodoviária esperando o ônibus. Resolvi me desconectar por 4 dias. Renovar as energias num bom banho de rio e cachoeira, me enfurnar no meio do mato.

O cara que ligou ou desligou o interruptor. A razão do meu estalo. Não contei isso antes, mas acho que troquei o cigarro por ele. Em todos os momentos que eu lembraria do cigarro eu penso nele. Eu sonho todos os dias com ele e qual não é minha surpresa quando eu acordo.. estou pensando nele! Ta vendo? Eu estou surtando! Preciso de um médico urgente! Soro, maca, internação!!
Fiquei com vontade de dizer pra ele que eu estou apaixonada, ou que sofri uma espécie de transtorno e que preciso de ajuda porque ele ficou preso como objeto da minha maluquice!

Será que isso tudo é falta do cigarro? Como é que pode, né? Um cilindrinho de papel com uns matinhos dentro! Como pode ter todo esse poder?

Então, quando eu disser isso pra ele, quando as palavras saírem da minha boca talvez eu me dê conta do quão ridículo é isso tudo e depois fique tudo normal de novo. Ou não. Ou ele se vira pra mim, diz que isso é tudo que ele sempre sonhou ouvir da minha boca, chega perto de mim, cheira meu cangote (sem perfume de cigarro!!), me dá um beijo de tirar o fôlego e completa na seqüência um sexo animaaaal! Ai, ai..
Brincadeira boba! Lógico que é tudo fruto da minha imaginação e eu não desejo nada disso! Ta certo, a falta do cigarro pode estar me causando realmente um certo delírio literário, que é acentuado pela carência canceriana em período de ovulação. Ihhhhhh.. melhor parar por aqui.

Entrei no ônibus! To tensa! Vou estar desconectada do mundo e isso é muito bom! Acho que vou parar de escrever sobre isso. Por 2 motivos: 1º que o ônibus vai andar e 2º porque acho que estou ficando mais nervosa de escrever sobre o assunto. Fui! Bom de mais! Deseje-me sorte!

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