segunda-feira, 20 de setembro de 2010

no mundo da Jaia

Não ia conseguir dormir sem tentar pelo menos colocar pra fora um pouco de tudo que eu transformei e estou transformando. Foram 4 dias incríveis. Do início ao fim.
Nada de cigarro. Esse aí foi um figurante qualquer nas minhas memórias de fumante. Eu o vejo como outros olhos hoje, olhos de decepção. E esse, pra mim, é o mais irreversível dos sentimentos. Foram poucas vezes que eu senti falta dele, quer dizer, acho que nem lembrei tirando a vez que Potira fumou um, mas como ele era de filtro amarelo, já me tirou toda a libido. Potira é mulher do Fernando e mãe da Jaia, uma menina linda de 4 anos, com o sorriso mais iluminado que já vi. Nos conhecemos num curso de permacultura em Minas.

Permacultura??? WHATAFUCK???
Resumindo, se for possível, a permacultura é perceber que você faz parte de uma teia e que você está conectado energicamente a tudo. E tudo que você produz precisa respeitar os ciclos da vida. Porque alimento é excremento e excremento é alimento. Compreendeu? Não e nem vai. Pelo menos não assim, comigo aqui explicando.

Tudo bem, mas de onde surgiu essa ideia maluca? Bom, vou voltar alguns dias pra explicar.
Eu sempre tive consciência do que é o cigarro. Nunca fui enganada com nada, me vendi porque quis, porque comprava o custo-benefício. Só que eu sabia que em algum momento a chavinha ia virar. E virou.

No dia 09 de setembro de 2010, eis que ressurge na minha vida um amigo de escola. Um amigo que estudou a vida toda do meu lado, mas nunca fomos de conversar muito, nem éramos da mesma turma. No último ano do colégio ficamos amigos da mesma galera, o que nos aproximou um pouco nos anos seguintes. Chegamos até a cursar a mesma faculdade, porém em turnos diferentes. E a vida de cada um seguiu seu rumo, sem muitos encontros nos últimos anos. Até que resolvemos, com os amigos, nos reunir num show. Combinei com ele mais um amigo de comprarmos juntos os ingressos com antecedência. Cheguei no local combinado e nenhum dos dois tinha chegado. Fiquei do lado de fora com meu (ex)companheiro, o cigarro. Logo em seguida fui surpreendida com o que eu via caminhando em minha direção. Nooooossa! Que gato! Que espetáculo de homem com o mais lindo sorriso estampado naquela cara cheia de cabelo e barba! Meu Deus! Que belo rapaz!
Foco, Maria, foco! 
Pois bem... não se passa de um velho amigo, não é?

Nesse mesmo dia tentamos ir num samba de noite, mas não rolou. Acabamos tomando algumas cervejas e mal sabia eu do que aquela noite ainda me aprontava. 
Fomos conversar e dar uma volta na praia. Só nós dois. Já era dia 10 de setembro de 2010. Papo vai e papo vem, num dado momento ele solta a bomba catastrófica capaz de mudar toda uma vida: “você é ansiosa por causa do cigarro e não ao contrário”. Pronto! Plim! 
Eu tinha acabado de apagar um, me lembro nítidamente dele. Me lembro desse momento, me lembro do que eu estava pensando enquanto fumava. Apaguei esfregando a brasa na pedra e coloquei do lado da latinha de cerveja pra jogar no lixo depois. Nem conversamos muito sobre cigarro, o assunto girou bastante, chegou até ao convite pro curso de permacultura. Mas eu não conseguia pensar em outra coisa. Eu tinha acabado de me desligar de alguma coisa e isso era realmente sério pra mim naquele momento. Esqueci até das minhas segundas, terceiras e quartas intenções quando topei passear com ele na praia! Voltei meio calada.

Eu tinha um maço pela metade e um maço fechado. Simplesmente peguei os dois e coloquei nas coisas da minha amiga. Pra ser sincera eu queria ter jogado fora, mas aí lembrei que as pessoas continuam fumando independente de eu ter parado e achei melhor doar a minha doença. 
Deitei na cama e fiquei horas pensando se eu realmente queria fazer aquilo. E quis. E até agora, exatos 10 dias passados, não me bateu nenhum arrependimento.

Cara, eu não estou proibida de fumar, estou? E se eu quiser simplesmente ascender o cigarro que alguém deixou em cima da minha escrivaninha agora? Eu sou uma pessoa pior por isso? Alguém me impede? Não!! Eu sou livre! Posso fumar o que eu quiser a hora que eu quiser. Então é OPÇÃO! É DECISÃO! Não quero e ponto final. Não quero porque não quero e não porque não posso.

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