terça-feira, 14 de setembro de 2010

Já não me importo mais há quantos dias ando. Tenho tido variações no humor e falado mais do que nunca. A vontade depois das refeições permanece e é cada vez mais crescente, mas é só eu olhar para o lado e observar as 3 chaminés com quem moro e a vontade é saciada pelo cheiro.
Ontem por vários momentos eu quase pedi um cigarro. Minha necessidade de tê-lo nas mãos é a velha companhia quando o assunto acaba ou quando me sinto sem saber o que falar. O cigarro está no momento da insegurança ou quando se está há muito tempo no mesmo assunto e ele acaba sem deixar um rabixo para o próximo tema. Aí nasce um cigarro reluzente no isqueiro e quebra o silêncio.
Ta aí. Segurança. Nunca tinha me atentado para essa questão, por isso volto pra dúvida: a ansiedade traz o cigarro ou o cigarro traz a ansiedade?
É realmente engraçado, me sinto significativamente mais calma. Eu sei que acabei de dizer que estou falando mais que atendente de telemarketing, mas mesmo assim me sinto mais tranqüila. Outro dia me peguei com o seguinte pensamento: se eu posso programar a minha vontade de fumar, eu posso programar qualquer coisa que aconteça na minha cabeça.
Resolvi que isso é só uma experiência e não mais que isso. Quer saber? Paro de fumar até daqui a um ano! Serão aproximadamente 300 posts até lá (se eu me comportar e postar frequentemente). Então se isso é só uma experiência eu posso tagarelar, escrever e me exaltar o quanto quiser, afinal a minha intenção é realmente testar as minhas respostas à ausência do cigarro e quando isso tudo passar eu vou fumar muitos maços de carlton red!
Ok, mas enquanto isso não acontece vou contar mais das nossas histórias (sei que ele me fará muita falta nas próximas linhas, mas com certeza já é bem menos do que no primeiro dia – penso também como é melhor meu computador sem cinzas de cigarro e isso me deixa um pouco mais feliz).

Aqui em casa sempre teve espaço para mais um maço. Minha mãe fuma desde muito nova e casou-se com meu pai, outro fumante de carteirinha. Alguns anos antes do casamento, meu avô materno parou de fumar seus 4 maços diários, que o acompanhavam inclusive durante as refeições. Deve ter sido uma difícil decisão.
Minha avó materna já não fumava há alguns anos e essa decisão foi sábia já que ela sofria de uma doença crônica que afetava os pulmões.
Aí vieram as filhas: uma, duas, três! Na terceira o velho pediu arrego e saiu de casa, deixando minha mãe com as crianças. Imagino que tenha sido uma época com forte e crescente alta nas vendas da Phillip Morris/British Tobacco.
Como sempre e como tudo na vida, o tempo passa e acomoda as folhas no jardim. Sem ressentimentos os dois se casaram novamente, com outros pares (daí vem meu casalzinho de irmãos mais novos – do meu pai).
Acabo de recordar a minha real primeira experiência com o cigarro, sem tragar eu acho. Poucos anos após o novo casamento, meu pai e sua esposa se mudaram pra uma pequena cidade na região serrana do Rio de Janeiro. Durante a mudança, meu pai deixou um cigarro apoiado no cinzeiro. Eu, na sagacidade dos meus 7 ou 8 anos, roubei o cigarro e fui sentir a sensação de estar apoiada com os cotovelos na varanda e a mão próxima à boca com a bela formação da fumaça ao meu redor. Acho que envelheci uns 20 anos naquele momento – ou pelo menos me senti assim. Acabou, eu joguei o cigarro fora e entrei. Deixei meu pai algumas horas desesperado procurando o cigarro sem saber se a casa estava no perigo iminente de explodir ou se por engano ele o tinha largado dentro de algum armário. Obviamente me calei, mas no fundo, no fundo, eu sei que sentia uma imensa vontade de rir daquilo tudo e dizer pra ele que estávamos todos livres do cigarro. Pelo menos daquele e naquele momento.

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